O futebol, mais do que um esporte, é uma paixão que atravessa gerações e define identidades. O torcedor, por mais racional que seja em outras áreas da vida, parece perder qualquer senso de lógica quando se trata de seu time do coração.
Essa relação muitas vezes irracional se manifesta de forma intensa em diferentes cenários: na esperança inabalável durante anos de derrotas, na euforia de retomadas econômicas e esportivas, e na revolta desproporcional após um período de conquistas, quando um novo momento ruim se instaura.
Times em crise financeira e esportiva costumam atravessar anos sombrios, com campanhas desastrosas e gestões caóticas. No entanto, a torcida permanece fiel, alimentando a esperança, mesmo que por décadas, de que um dia o clube irá ressurgir. Essa persistência é um dos aspectos mais curiosos do comportamento humano no esporte.
A ciência explica esse fenômeno por meio do viés cognitivo conhecido como “viés de confirmação”, onde o torcedor se apega a qualquer pequeno sinal de melhora para justificar sua fé inabalável.
Quando finalmente ocorre uma reestruturação econômica e esportiva, e o time volta a conquistar títulos, o torcedor vive um estado de êxtase. Cada vitória se torna uma prova de que o sofrimento valeu a pena. Neste momento, a conexão emocional entre o clube e sua torcida está no auge, e tudo parece perfeito. Os jogadores, a diretoria e o treinador são exaltados como herois.
No entanto, basta um período de queda de rendimento para que o mesmo torcedor que celebrou com fervor passe a destilar críticas ferozes. A memória curta e a impaciência dominam, e não raro surgem protestos inflamados, exigências de demissões e até agressões verbais e físicas contra jogadores e dirigentes.
Esse comportamento pode ser explicado pelo “efeito do pico e do fim”, teoria psicológica que sugere que as pessoas avaliam experiências baseando-se nos momentos mais intensos e no desfecho, ignorando toda a jornada. Assim, as conquistas recentes são rapidamente eclipsadas por um momento ruim.
O torcedor não consegue ser plenamente racional em sua relação com o time, pois o futebol não é apenas um entretenimento, mas uma extensão de sua identidade. A paixão descontrolada faz com que se perca a noção do todo, gerando expectativas exageradas e reações extremas.
Esse ciclo de amor e ódio é o que move o futebol e o torna tão fascinante. No fim das contas, por mais irracional que seja, o torcedor sempre voltará ao estádio, ligará a TV (e o radinho?) ou o celular esperando pelo próximo capítulo dessa história de devoção e loucura.
Corretíssimo o comentário, é bem por aí que funciona, é exatamente uma paixão que não tem explicação, parece que está no sangue!!!!!