A jornalista Vera Magalhães publicou em sua página no O Globo coluna tratando especialmente de uma figura pública que hoje é, sem a menor dúvida, é um dos personagens mais emblemáticos do país, o ministro Flávio Dino. Li atentamente e faço minhas considerações adiante. A trajetória de Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), é notória nos campos jurídico e político, nos mais altos escalões. Seu ingresso na Corte, em dezembro de 2023, não simbolizou um fim de linha, mas sim uma pausa estratégica na longa caminhada de um nome cada vez mais cogitado para a sucessão do presidente Lula em 2026.
Desde a juventude engajada nas Diretas Já até o governo do Maranhão, Dino construiu uma carreira marcada pela interseção entre política, religião e Justiça. Filho da classe média de São Luís, neto de desembargador, sua formação jurídica e atuação como juiz federal na década de 1990 antecederam a guinada política. Eleito deputado federal pelo PCdoB, viu o prestígio crescer até alcançar o governo estadual, onde seu maior feito foi a reestruturação da saúde pública e a pacificação do presídio de Pedrinhas, um símbolo nacional da falência prisional.
Sim, já teve sua estrutura testada em derrotas eleitorais e a maior dor da vida, a perda do filho Marcelo, e, mesmo assim nunca abandonou o protagonismo. A espiritualidade aliada à militância católica originária da Teologia da Libertação parece moldar sua resiliência e ser a base de seu estilo conciliador, sem deixar de ser combativo.
Durante a pandemia de Covid-19, seu governo destacou-se como um dos mais eficazes do país. O Maranhão teve uma das menores taxas de mortalidade, resultado de uma política proativa e de investimentos emergenciais determinados por Dino com impressionante senso de urgência. Esse desempenho ampliou seu capital político nacional.
À frente do Ministério da Justiça no terceiro governo Lula, ganhou ainda mais visibilidade após os ataques de 8 de janeiro de 2023. Sua postura firme, ao lado de Alexandre de Moraes, o consolidou como figura-chave na defesa da institucionalidade. Não por acaso, passou a ser alvo tanto da direita bolsonarista quanto de setores do próprio PT, receosos de seu avanço como possível nome para o Planalto.
Nomeado por Lula ao STF, Dino entrou no Judiciário com uma decisão que causou terremoto político, com a suspensão das emendas parlamentares impositivas, em nome da transparência orçamentária. Enfrentou reações das lideranças da Câmara e do Senado, tensionando ainda mais as relações entre Judiciário e Legislativo.
Apesar do silêncio estratégico nos primeiros meses como ministro, Dino mantém o estilo firme. Na condução de ações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, preferiu um tom comedido, consciente de que sua trajetória o coloca sob constante escrutínio.
No Supremo, carrega a imagem de Ulysses Guimarães na porta e São Francisco de Assis na entrada de seu gabinete. Um símbolo claro de que sua alma ainda está na política. E para muitos, incluindo seus aliados, a toga não é um ponto final, mas apenas uma vírgula no caminho de um projeto maior e de volta à política, mesmo que tendo que enfrentar barreiras dos lados opostos, os que insistem na cúpula do PT que insiste em não enxergar o óbvio, ou da direita que o tem como um forte adversário que a cada capítulo se fortalece, seja combativo ou em silêncio.
A toga não é ponto final, mas uma vírgula no caminho de volta à política para Flávio Dino

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