A cada clique, um passo mais próximo do abismo, e o vício tem nome científico e reconhecido. É a ludomania, o transtorno do jogo patológico, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que se espalha pelo Brasil em ritmo alarmante, afetando milhões de pessoas, em especial jovens, e se consolidando como uma Crise do Silêncio.
A facilidade de acesso incorporada às redes sociais e plataformas de streaming transforma o ato de apostar em uma rotina disfarçada de entretenimento, com o perigo transvestido de transição quase imperceptível entre lazer e compulsão.
Os números oficiais mostram que entre 2018 e 2023, os atendimentos na rede pública de saúde relacionados à ludomania cresceram de 108 para 1.290, ou seja, 1.094 % em apenas cinco anos. No mesmo período, o volume de apostas no Brasil atingiu patamares inéditos de até R$ 30 bilhões movimentados por mês nos primeiros três meses de 2025, isso mesmo, R$ 30 bilhões.
Por trás dos números estão também as histórias de pessoas que perderam tudo, entre dinheiro, relacionamentos, autoestima e, em alguns casos, a própria vida.
O futebol, paixão nacional, tornou-se ferramenta estratégica para empresas de apostas. Com patrocínios milionários, campanhas agressivas e presença massiva em transmissões, o esporte oferece a vitrine perfeita para seduzir o torcedor, muitas vezes de baixa renda, com promessas de ganhos rápidos.
Enquanto isso, a “banca” segue imbatível e lucrando. O ciclo é cruel com aposta, perda, tentativa de recuperação, novas perdas, dívidas impagáveis. O resultado? Desespero, isolamento, depressão e, em casos cada vez mais relatados, atentado contra a própria vida.
Embora subnotificados, esses casos estão se tornando mais frequentes. Especialistas alertam para o Efeito Werther, quando notícias de quem atentou contra a própria vida, funcionam como gatilho para outras pessoas em situação semelhante.
O que está em jogo não é apenas dinheiro. São vidas.
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