Em 10 de setembro de 2018, poucas semanas antes da eleição, uma pesquisa do Ibope, colocava Eduardo Paes na liderança da corrida ao governo do Rio de Janeiro, com 23% das intenções de voto, seguido de perto por Romário (20%). Naquele momento, Paes era tratado como grande favorito e visto como nome certo no segundo turno. O resultado, no entanto, foi bem diferente. Wilson Witzel, até então um candidato pouco conhecido, conseguiu surpreender o eleitorado e, em outubro, foi eleito governador com 55% dos votos válidos, derrotando o próprio Paes.
Esse episódio se tornou um marco da volatilidade do voto fluminense, demonstrando como pesquisas, apesar de científicas, não são capazes de prever todas as variáveis que moldam uma eleição. Fatores como o ambiente político nacional, a adesão a um discurso de ruptura com determinado sistema e o crescimento de candidaturas fora do radar dos institutos acabaram mudando o destino da disputa.
Agora, em 2025, a cena se repete, obviamente que numa distância enorme para a realização do pleito eleitoral, somente em 2026. Uma pesquisa divulgada pelo AtlasIntel em parceria com a Bloomberg aponta novamente Eduardo Paes (PSD) como líder disparado na corrida pelo Palácio Guanabara, com 43,9% das intenções de voto. O presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), aparece distante, com 12,4%. A diferença chama atenção, mas não encerra o debate. Caso Bacellar confirme sua candidatura, terá a seu lado a base do Governo do Estado, um capital político expressivo que pode dar fôlego à sua campanha.
Outro ponto a ser observado é a dinâmica dos segundos turnos. Nas eleições de 2018, Eduardo Paes chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Witzel. Isso indica que pesquisas de primeiro turno podem não refletir o embate decisivo que se desenha mais à frente.
Embora as pesquisas sejam instrumentos importantes para medir tendências, sua credibilidade sofre abalos quando os resultados finais divergem tanto dos números divulgados durante a campanha. O eleitor, muitas vezes, desconfia desses levantamentos, enquanto políticos os utilizam estrategicamente para impulsionar candidaturas ou criar narrativas de viabilidade.
No caso do Rio de Janeiro, onde o eleitorado já demonstrou comportamento volátil, é prudente tratar números de intenção de voto como uma fotografia momentânea, e não como uma previsão definitiva.
A lição de 2018 foi um cenário claro, mostrando que pesquisas eleitorais não elegem candidatos, urnas sim. Hoje, Eduardo Paes volta a liderar, mas o cenário político é dinâmico e a presença de Rodrigo Bacellar, com apoio da estrutura governista, pode modificar o jogo, até mesmo levando em conta que de poderemos ter ainda um lado o presidente da República, Lula, e do outro, a direita liderada pelo ex-presidente Bolsonaro.
Até o dia da eleição, muita coisa ainda pode acontecer, inclusive uma nova surpresa, como a que levou Wilson Witzel ao poder há apenas oito anos.
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