Nas últimas décadas, o debate sobre mobilidade e trabalho urbano ganhou novos capítulos. Primeiro, vieram as medidas voltadas para os coletivos, que garantiram um mínimo de organização e direitos aos trabalhadores do transporte público, também com os taxistas, historicamente reconhecidos como parte dessa engrenagem. Mais recentemente, a atenção voltou-se aos motoristas de aplicativos, protagonistas de uma nova era no transporte individual. Agora, surge um olhar necessário e urgente, que são os motoboys e entregadores.
E pensando desta forma foi apresentado na Câmara de Campos, o Projeto de Lei nº 013/2025, pelo vereador Maicon Cruz (PSD), que é oposição ao governo, propondo a criação dos “Pontos de Apoio para Motoboys e Entregadores” em locais estratégicos, como o centro, áreas comerciais e entornos de shoppings e mercados, tendo de imediato apoio de vereadores da base do governo. A ideia é de grande impacto por poder oferecer áreas de descanso, banheiros, água potável e pontos de recarga para celulares. Recursos básicos que, para quem passa o dia inteiro na rua enfrentando sol, chuva, trânsito e pressão por agilidade, representam conforto e segurança.
Não se trata apenas de infraestrutura, é um reconhecimento social. Assim como taxistas conquistaram pontos regulamentados e motoristas de aplicativos tiveram leis específicas para sua atuação, os motoboys também carecem de atenção, sendo estes responsáveis por sustentar parte significativa da dinâmica econômica, especialmente em tempos de consumo imediato e comércio digital. A ausência de políticas públicas voltadas a esse segmento reforça a invisibilidade de quem move diariamente o setor de serviços.
A proposta carrega um simbolismo maior com a inclusão de milhares de trabalhadores relegados à informalidade e ao improviso. O projeto em questão sinaliza uma tentativa de inverter essa lógica, garantindo que os avanços alcancem também os motoboys, que hoje se tornaram protagonistas da economia da pressa.
A Câmara terá agora a responsabilidade de enxergar além da formalidade do texto legal. Está em jogo mais do que banheiros e bancos cobertos, trata-se de afirmação e de que políticas públicas devem acompanhar a realidade de quem está na linha de frente do dia a dia da cidade.
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