Nos últimos dias acompanhamos estarrecidos mais episódios de racismo explícito, um deles praticado pelo presidente da Conmebol, e, desta vez no próprio sistema judiciário. A juíza Helenice Rangel, titular da 3ª Vara Cível de Campos, foi alvo de insultos racistas em uma petição assinada por um advogado, também da cidade. O caso reacende debates urgentes sobre o racismo estrutural no país e a necessidade de respostas contundentes para coibir tais práticas.
No documento, o advogado fez referências desrespeitosas à magistrada, associando sua ascendência afrodescendente a “resquícios de senzala e recalque” e mencionando uma suposta “memória celular dos açoites”. A gravidade das declarações provocou indignação generalizada e resultou na redistribuição e acionamento do Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para investigação dos crimes de racismo, injúria racial e apologia ao nazismo.
A resposta das instituições vieram com celeridade, por parte da OAB/Campos, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), mas não basta.
Embora a indignação seja necessária e legítima, esse episódio revela um problema mais profundo: o racismo não é um fenômeno isolado ou restrito a camadas específicas da sociedade. Ele está entranhado em diferentes setores, inclusive no próprio Judiciário, que deveria ser um bastião da equidade e da justiça.
A questão central que emerge desse episódio é: o que tem sido feito para combater efetivamente o racismo estrutural no Brasil? As medidas disciplinares e criminais contra o advogado são imprescindíveis, mas é preciso ir além.
A punição, por si só, não erradica o preconceito sistêmico. É necessário investir em educação antirracista, promover políticas de inclusão e criar mecanismos de prevenção que garantam que o sistema de justiça e a sociedade como um todo não tolerem mais esse tipo de conduta.
O caso da juíza Helenice Rangel, como a do Vinícius Júnior, do Luigi, dos Joãos, das Marias e de todos precisam definitivamente servir de alerta para que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer na luta contra o racismo. A indignação não pode ser momentânea, e sim um motor para mudanças estruturais e efetivas. O combate ao racismo não é uma opção, é um dever de toda a sociedade.
Mais um episódio de racismo , a impressão que temos que depois que certos políticos foram eleitos, pessoas comuns se viram representados , desta forma se acham inspirados em cometer atos que deveriam ter sido abolidos a décadas.