O futebol está enfrentado um inimigo silencioso devastador, que são as apostas esportivas. O que começou como uma promessa de receita extra e engajamento dos torcedores, se mostra um verdadeiro campo minado, ameaçando a integridade do esporte, manchando e abalando a credibilidade da modalidade.
O problema não está na existência das apostas em si, presentes há décadas em todo o mundo, mas na forma como elas têm se infiltrado nos bastidores dos clubes e no comportamento de alguns atletas e até dirigentes, o que já era imaginável, na parte podre do esporte. Investigações recentes já escancararam esquemas de manipulação de resultados, cartões forjados e ações premeditadas durante partidas para favorecer determinadas apostas. Jogadores de diferentes divisões, inclusive das Séries A e B do Brasileirão denunciados por envolvimento com essas práticas.
E esse é um destaque que carece de ainda mais cuidados, pois se nas divisões com maior visibilidade e transmissões de todas as partidas, imaginemos o que ocorre nas competições onde não há esse mesma possibilidade de vigília, como por exemplo, as divisões inferiores dos estaduais? Como controlar um criminoso desse infiltrado em times que disputam as séries que se quer tem torcedor acompanhando?
A promessa fácil de dinheiro rápido tem seduzido atletas jovens e os mais experientes, não se limitando aos que enfrentam a desigualdade no futebol brasileiro, a disparidade de salários e a falta de estrutura em muitos clubes, ambiente mais propício para esse tipo de corrupção. É assustador também ver atletas com salários inimagináveis em outras profissões cometendo esse crime por valores insignificantes para sua realidade, o que retrata o simples prazer de ‘levar vantagem’.
Mas os prejuízos para o esporte vão além das quatro linhas. A confiança do torcedor, que é a alma do futebol, começa a se esvair. O gol perdido de propósito, o pênalti mal cobrado, o cartão amarelo suspeito, tudo isso planta a dúvida e já insatisfação na mente de quem assiste. O esporte perde sua essência, sua espontaneidade, sua verdade. E sem verdade, não há paixão que resista.
A credibilidade das competições entra em xeque. Patrocinadores que não sejam do mundo das apostas começam a repensar investimentos. Clubes veem sua imagem manchada. É preciso, com urgência, um esforço coletivo. Leis mais rígidas, investigações sérias, punições exemplares. Os clubes devem investir na educação de seus atletas e criar mecanismos internos de prevenção. As federações precisam atuar com transparência e firmeza.
O futebol brasileiro já venceu crises, escândalos e turbulências. Mas essa batalha contra a corrupção das apostas talvez seja uma das mais difíceis. O futuro do nosso esporte depende da coragem de enfrentá-la com seriedade. Para que o grito de gol continue sendo verdadeiro. Para que o futebol continue sendo paixão, e não aposta.
O futebol perde sua essência, sua espontaneidade, sua verdade

Nenhum Comentário! Ser o primeiro.