Nesta quarta-feira o Brasil se deparou com mais uma triste página de sua história recente. A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram a Operação Sem Desconto, que revelou um esquema criminoso envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários.
O escândalo, que vitimou aposentados e pensionistas que dedicaram suas vidas ao trabalho e hoje deveriam desfrutar da tranquilidade merecida, mostra a face mais cruel da corrupção, aquela que drena não apenas recursos públicos, mas a esperança e a dignidade das pessoas. De forma covarde, entidades sindicais e associativas, com a conivência de servidores públicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atuaram como verdadeiros predadores de quem menos pode se defender.
Este caso não é isolado. Ele é parte de um padrão corrosivo que assola o serviço público brasileiro e que tem como consequência direta o sofrimento da população. Quando um servidor público, cujo dever é proteger e servir o cidadão, se alia a interesses escusos, ele não apenas quebra a lei, ele trai a sociedade. E essa traição tem nome, é corrupção.
No âmbito geral, não se tratando em especial no caso de hoje, mas vale salientar que cada centavo desviado no serviço público, cada esquema fraudulento representa menos investimentos em saúde, educação, segurança e infraestrutura. Representa ainda filas em hospitais, escolas sucateadas, estradas esburacadas. Representa o abandono. E pior: representa o descrédito. A confiança nas instituições, que é base de qualquer democracia saudável, se esvai quando os agentes públicos se tornam protagonistas da ilegalidade.
Não basta apenas identificar, é preciso punir com o rigor da lei. É hora de fazer valer penas exem-plares para os que usam o cargo público como trampolim para enriquecimento ilícito. A punição não pode ser simbólica, precisa ser pedagógica. Só assim para se interromper o ciclo vicioso que se mantem há décadas.
Além disso, é urgente repensar e reformar os mecanismos de controle e fiscalização da administra-ção pública. O sistema previdenciário brasileiro, por exemplo, precisa ser blindado contra ingerên-cias políticas e esquemas fraudulentos. A tecnologia, a transparência ativa e a participação social são ferramentas indispensáveis nesse processo.
O combate à corrupção não pode ser bandeira de ocasião, precisa ser compromisso real, diário e permanente de todos os que ocupam cargos públicos, dos gestores aos parlamentares, passando por cada servidor.
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