Há um crime silencioso e covarde que se espalha sem alarde, a corrupção no setor público, e em especial hoje falamos da saúde. E não há exagero em dizer que ela mata. Mata de forma direta, cruel, calculada. Mata quando o paciente chega ao hospital e só encontra uma dipirona como resposta. Mata quando o medicamento essencial está em falta no posto de saúde. Mata quando um tratamento é interrompido porque desviaram verbas para construir mansões, comprar carros importados, criar animais de raça e ostentar viagens luxuosas.
O que deveria ser sagrado vira moeda de troca nas mãos de gestores e empresários sem escrúpulos. É um tipo de assassinato disfarçado, com CPF, carimbo e nota fiscal. Quem rouba recursos da saúde pública não comete apenas um crime contra o erário; comete homicídio. Múltiplos. Incontáveis.
A pergunta que fica é a de qual a pena para esses criminosos que lucram com a morte alheia? Para cada paciente que agoniza em uma maca improvisada, para cada criança que morre por falta de insulina, para cada idoso que espera meses por um exame que nunca chega, qual seria a punição justa?
A legislação brasileira, lenta e leniente, raramente trata esse tipo de crime com o rigor que ele merece. Enquanto o povo morre na fila do SUS, os responsáveis gozam de liberdade, conforto e impunidade. Será que algum dia a Justiça calculará penas proporcionais às vidas interrompidas? Será que teremos coragem de julgar os corruptos da saúde como homicidas?
Até quando vamos aceitar que a resposta ao sofrimento de um povo inteiro seja uma simples dipirona? Até quando os verdadeiros culpados estarão seguros em seus palácios enquanto a campainha da justiça não toca?
Talvez, o dia que ela tocar, e tocará, seja tarde demais para muitos cidadãos pacientes que necessitam de atendimento urgente. Mas que não seja tarde demais para a nossa consciência coletiva.
Aos que praticam essa matança, um conselho, comprem ao mesmo o Doril e o Elixir Paregórico porque vai dar dor de cabeça e de barriga.

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