A compra da nova sede do Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Rio de Janeiro (CRT-RJ), na Rua da Candelária, virou oficialmente caso de Tribunal de Contas da União (TCU), em 17 de fevereiro de 2025, e, ganhou status de denúncia formal com documentos que apontam indícios de irregularidades que podem ter causado, segundo a denúncia, um rombo de mais de R$ 30 milhões aos cofres da autarquia.
Curioso é que publicamos no dia 06 de junho (conforme pode conferir), nota que destaca uma série de atos praticados ao longo dos anos, mas não tinha olhar voltado para a compra da nova sede, sendo que nas redes sociais começaram ataques, e, pior, recebi contato de um Coordenador do CRT/RJ pedindo que pudesse buscar informações concretas. Então vamos lá.
Uma denúncia foi encaminhada ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT), por meio de fonte anônima, trazendo pontos delicados. Entre eles, a suspeita de que o processo de compra foi direcionado para beneficiar um único fornecedor. O edital, segundo o documento, teria exigências que restringiram a concorrência. O valor pago pelo imóvel, R$ 10,6 milhões, estaria até 300% acima da média de mercado na região central do Rio de Janeiro no momento da aquisição.
A denúncia aponta para que o contrato previa a entrega do imóvel já com todas as adaptações, e, mesmo assim, o CRT-RJ chegou a publicar em Diário Oficial que gastou, por fora, mais R$ 2,7 milhões com a instalação de um sistema de segurança (CFTV), o que, segundo o edital, já deveria estar incluso na compra. Quando cobrado pelo plenário a diretoria alegou erro material e publicou uma errata.
Soma-se a isso o atraso na entrega: a sede deveria estar pronta até maio de 2024, mas até dezembro as chaves ainda não tinham sido entregues, e a inauguração será na próxima sexta, dia 27. Pelas regras contratuais, a multa por esse atraso já ultrapassa R$ 23 milhões, valor que, até agora, o CRT-RJ não cobrou.
Além disso, a denúncia ao TCU aponta conflitos de interesse dentro da gestão. Há indícios de que uma das empresas contratadas tem entre seus sócios uma empresária com ligação societária direta a um integrante do alto escalão administrativo e financeiro do próprio Conselho. Em qualquer administração pública, essa relação já seria suficiente para acender o alerta vermelho.
O presidente do CRT-RJ afirmou ao TEMPO REAL, da jornalista Berenice Seara que o processo foi transparente com acompanhamento da Comissão de Tomada de Contas, da Plenária Geral do Conselho e de auditorias internas e externas, incluindo o próprio TCU, que até agora, segundo a versão oficial, não apontaram irregularidades.
Fato é que agora o caso ganha um novo capítulo. Está nas mãos do TCU e também do CFT, que receberam formalmente os documentos e terão a missão de investigar. Não é apenas uma questão de disputa política interna, mas de responsabilidade com os cerca de 200 mil técnicos industriais registrados no estado do Rio de Janeiro, profissionais que sustentam o CRT/RJ com suas anuidades.
Seguiremos acompanhando e trazendo atualizações, mesmo que a nota do dia 06 de junho tivesse a ideia de por ali mesmo se encerrar.
Quando a incapacidade de interpretação gera uma reação desastrosa
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