O cenário político do Rio de Janeiro começa a ganhar contornos cada vez mais definidos com a projeção de Rodrigo Bacellar (União) como o principal nome da direita fluminense na corrida para a sucessão de Cláudio Castro, em 2026. O destaque recente do presidente da Alerj, que chegou a ocupar interinamente o comando do Executivo estadual, não é obra do acaso, é resultado de uma construção que agora começa a incomodar adversários, que até bem pouco tempo, eram aliados.
O recado foi dado e a movimentação no plenário da Alerj, que aprovou por esmagadora maioria (58 a 1) a convocação do Secretário de Transporte do Estado, pode até parecer um ato técnico, mas carrega uma simbologia política evidente. A votação ocorreu um dia após a visita estratégica do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), ao grupo político dos irmãos Reis, sinalizando uma possível aliança e uma provocação direta ao grupo que sustenta Bacellar. Nesse jogo, uma simples fotografia, fala mais alto que os discursos.
Washington Reis, que tenta manter seu nome vivo como pré-candidato ao governo pelo MDB, já vinha se mexendo. Recentemente, esteve em Campos, reduto político de Bacellar, e conseguiu um gesto significativo que foi o apoio do ex-governador Anthony Garotinho, pai do prefeito Wladimir Garotinho (PP), com quem também troca carícias frequentes, tendo sido por Washington Reis, indicado como bom quadro para vice. A tentativa de construir uma via alternativa não é nova, mas enfrenta barreiras jurídicas. Inelegível por decisão do STF, atualmente com placar de 3 a 1 contra ele, Reis se apoia na expectativa de uma reversão que poderia virar multa, por uma condenação de crime ambiental.
As alianças, no entanto, não seguem mais linhas ideológicas tão nítidas. Washingon Reis (MDB) pode em um possível cenário apoiar Eduardo Paes (PSD), ao governo do Estado, tendo este apoio do presidente Lula (PT), e Reis ainda apoiando nomes do campo bolsonarista para o Senado, que seriam Flávio Bolsonaro (PL) e Cláudio Castro (PL). Esse pragmatismo escancarado mostra que, está valendo quase tudo para compor palanques competitivos.
O embate público entre Rodrigo Bacellar e Rosenverg Reis no plenário da Alerj evidenciou outra camada dessa disputa. Ao afirmar “não me confunda com Cláudio Castro”, Bacellar tenta se descolar do estilo do atual governador, reafirmando que não aceita pressões ou ameaças. A frase, embora interpretada de diversas formas, aponta para uma estratégia clara onde Bacellar se mostra firme, não suscetível às pressões do jogo político tradicional.
Neste momento, Bacellar evita os confrontos diretos, mas sabe que será cada vez mais alvo de ataques e movimentações de bastidores. Sua postura calculada e seu crescimento como liderança da direita indicam que, sim, o jogo começou, e promete ser disputado lance a lance.
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