A segurança pública é, por excelência, uma responsabilidade compartilhada entre os entes federativos. No entanto, para que o enfrentamento ao crime e à desordem urbana seja realmente eficaz, é necessário mais do que apenas a atuação das forças policiais. É preciso o que se pode chamar de um “cinturão de proteção pública”, composto por políticas interligadas que vão da urbanização eficiente ao uso inteligente da tecnologia. E é nesse contexto que ganha relevância o papel das Prefeituras, que, embora não tenham o policiamento ostensivo como responsabilidade direta, são parte indispensável da engrenagem que permite aos órgãos estaduais e federais alcançarem resultados concretos.
O caso mais recente ocorrido em Campos, exemplifica bem essa tese. Nesta quinta-feira (18), uma quadrilha especializada em roubo de veículos foi desarticulada pela Polícia Civil da 136ª DP, após um trabalho de investigação minucioso. Sequência da Operação Torniquete, desbaratada no dia anterior, resultou na prisão de suspeitos diretamente ligados a uma série de crimes cometidos na cidade, com roubos de carros, e a delegada Carla Tavares afirmou que as câmeras de segurança da Prefeitura foram determinantes na elucidação das investigações, com o sistema de videomonitoramento contribuindo para a identificação dos criminosos.
Esse episódio reforça a ideia de que a integração entre os poderes públicos, especialmente o alinhamento entre o Município, o Estado e, em alguns casos, a União, é fundamental para o enfrentamento à criminalidade. Existem outras questões que merecem atenção como quando a cidade está bem iluminada, com terrenos limpos, imóveis em uso e sem sinais de abandono, com uma comunicação eficiente entre a Guarda Civil, secretarias e as polícias, os criminosos perdem espaço e oportunidade para agir, e, nesse caso, a cidade necessita muito de avanços. O desleixo urbano favorece a criminalidade; já a ocupação ordenada e o cuidado com o espaço público fortalecem a prevenção.
Vale lembrar que os quatro últimos secretários de Segurança Pública de Campos são todos militares, o que também aponta para uma tendência de profissionalização e tecnicismo à frente da pasta. Carlos Amaral, no governo Rafael Diniz, e os vereadores Cabo Alonsimar e Sub Jackson, além do atual secretário, coronel Rodrigo Ibiapina, no governo Wladimir Garotinho, trazem consigo o know-how operacional e estratégico das Forças Armadas e da Polícia Militar, o que tem certamente contribuído para uma gestão mais ativa, com foco em dados, inteligência e presença territorial.
O conceito de cinturão da segurança pública, portanto, não é uma abstração: ele se constrói com investimento, vontade política e diálogo institucional. Quando o município age como agente coadjuvante da segurança, apoiando com estrutura, tecnologia, ordenamento urbano e ações de prevenção, as forças policiais conseguem focar em suas atribuições-fim, que são investigação, repressão e patrulhamento. O resultado é o que se viu hoje com prisões, alívio à população e um claro recado de que o crime é sufocado quando os Poderes atuam em conjunto.
Essa lógica, se replicada de forma sistemática, pode transformar não apenas os índices de violência, mas também a percepção de segurança pela população, o que é igualmente relevante para a qualidade de vida nas cidades. O cinturão é, assim, mais do que simbólico. Ele é real, estratégico e, principalmente, necessário.
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