No dia do amigo, o futebol silenciou por um instante. Mesmo em dia de clássico, o Fla x Flu responsável por histórias e mais histórias escritas por quem partiu em meio ao grito das arquibancadas, um dos maiores cronistas do país, José Péris Pinto Ribeiro. O querido Perinho nos deixou aos 80 anos, no exato momento em que Flamengo e Fluminense se enfrentavam, como se o destino lhe prestasse uma última homenagem no templo sagrado do esporte que tanto amou, e, em que por diversas vezes esteve nas arquibancadas torcendo pelo clube do coração.
Um gesto simples, de Pedro, o artilheiro rubro-negro que marcou o gol da partida e em sua tradicional reverência carregada de simbolismo, como se o próprio futebol reconhecesse ali o adeus de um mestre. Porque Péris não foi apenas jornalista e escritor. Foi bússola para tantos que se lançaram no ofício da palavra inspirados por sua generosidade. Um incentivador nato, crítico ferrenho, mas daqueles que viam talento antes mesmo dele florescer. Quantas carreiras nasceram de uma conversa sua, de uma indicação certeira, de um elogio inesperado?
Perinho escrevia com alma. Com um texto que transformava crônicas em arte. Flamenguista apaixonado, via no futebol mais que técnica ou tática, via poesia, memória, pertencimento. Seus textos faziam a gente ouvir o apito do juiz, sentir o cheiro da grama, enxergar o suor do craque e a lágrima do torcedor. Era o raro cronista que unia coração de torcedor à elegância do escritor. Por onde passou, da lendária Placar aos jornais do Rio, São Paulo e Campos, deixou páginas que valem como aulas, como legado.
Também aprontou muitas e boas. Já imaginaram uma caminhada de Atafona à Campos em conversa sorrateira com Raul Seixas? E que tal, uma matéria destacando a importante vitória de um clube campista por goleada, em tarde que não foi ao estádio e preferiu uma porta de bar e umas brejas, enquanto a partida rolava, e sem gols, terminou em 0 a 0, mas não na sua história que terminou em 5 gols, talvez, a confusão com o número de brejas.
Péris foi além das quatro linhas. Era música, era cultura, era conversa boa com riqueza de conhecimento. Um homem que cabia no mundo com leveza e brilho. Tinha a rara qualidade de ser profundo sem ser arrogante, de ensinar sem impor, de emocionar sem esforço. Um mestre que nos ensinou, com palavras, a amar a vida, e que fez da amizade seu estilo de jogo.
Sua partida no Dia do Amigo não foi coincidência. Foi poesia. Foi o final perfeito de quem viveu com propósito e sensibilidade. Perinho sai de cena ovacionado, como os grandes craques, que é. Deixa a saudade, mas também a missão de continuar escrevendo o mundo com o mesmo amor que ele nos ensinou.
Obrigado, Perinho, por cada texto, por cada gesto, por cada puxão de orelha, por cada olhada mais observadora, por cada lição, pelo amor que entregou de bandeja a minha família. O homem se despediu. O legado, não. Descanse em paz!
Valeu, Leandro.
Tudo muito bem colocado de sua parte.
Perinho sempre foi muito justo com o que é correto.
Apesar de flamenguista, tecia reverências a grandes times, como o Botafogo de Didi e outros craques, que ele chamava de gênios.
Na música e nas artes, em geral, também tinha um refinado gosto, sempre acompanhado de uma boa justificativa.
Fui premiado com um grande cunhado, a quem sempre admirei e, de cortesia vou levar um pouco do que absorvi de seus ensinamentos e as boas amizades que ele nos transferiu.
Parabéns pelas palavras muito bem proferidas a um grande merecedor, que jamais deixaremos de lembrar e exaltar suas qualidades e seu legado.
Perinho presente!