Eu tenho pressa de abraçar, de conversar, de rir, também de chorar, de recuperar, de apertar a mão, de pedir desculpas e perdão, bem como perdoar e desculpar, tenho pressa de sorrir, tenho pressa de correr, pular, de ver, sentir, comemorar e me exercitar. Tenho pressa de conquistar e entregar, e de me entregar, tenho pressa de reconhecer assim como poder ser reconhecido, mas por coisas construídas em cima do que de fato vale na vida, que é ser, e não simplesmente ter, pois ter é pouco na imensidão de possibilidades que Deus nos permite ser.
Eu tenho pressa porque o tempo tem me ensinado e mostrado a olho nu, com delicadeza e dureza, que ele não espera. Meu amado e saudoso pai, com sua voz grave sempre me dizia que com o tempo não se negocia, e quando a gente percebe, já passou. Ficam os silêncios não ditos, os abraços adiados, os encontros desmarcados e os “depois” que não voltaram mais.
Mas também ficam as conquistas, e quantas conquistas! E como é bom poder dizer que há muito do que me orgulhar. Amores verdadeiros e laços que resistem às tempestades da vida. Bom olhar para os 48 anos para trás e ver, sentir e ter a convicção de que conquistei sorrisos sinceros, amigos que o tempo só lapidou, memórias de dias de sol escaldante e muita alegria, mas que se tornaram porto seguro nos dias em que o mundo parecia mais duro, mais frio e cinzento.
Hoje, eu tenho pressa porque compreendi que viver com intensidade é reconhecer o milagre que é cada instante. Eu tenho pressa de sentar à mesa com os meus, de ouvir mais do que falar, de admirar a beleza dos olhos que me cercam, de honrar os que vieram antes e deixar exemplos para os que vieram depois.
Eu tenho pressa porque, ao olhar para minha família,já formada em gerações, formada e firmada no amor e presença de Deus, entendo que o maior bem que recebi nesta vida foi essa construção silenciosa e eterna. Gratidão ao Divino que me deu a chance de ser filho, irmão, pai, avô… de amar e ser amado em tantos níveis, em tantas formas.
Eu tenho pressa de viver, não pela ansiedade de quem quer tudo agora, mas pela urgência de quem aprende o valor do tempo, do afeto, do perdão, da partilha. Pressa de cuidar, de curar, de aprender e ensinar. Pressa de deixar legado. Pressa de ser inteiro.
Porque ser, ainda que leve tempo, é o que realmente importa. E eu, que tenho pressa, sigo acreditando que vale a pena cada segundo quando se vive com o coração. Te amo VIDA!
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