Há músicas que a gente não apenas ouve. A gente vive. Espelho, por João Nogueira é uma dessas especiais.
Quando João canta “fazer as canções como as que fez meu pai”, não é da partitura que ele fala. É da vida. Da harmonia que se cria no trato com as pessoas, do ritmo sereno de quem sabe respeitar o outro, da melodia que se desenha no ato simples de querer o bem. É sobre compor dias com bondade, como quem escreve versos para um amor que nunca se apaga.
Aprendi com o meu, que pai que é espelho ensina sem precisar apontar o dedo. Ele aconselha com o olhar, dá lições no silêncio e deixa na lembrança o gosto bom de ser querido de verdade. E esse legado não se herda por direito, mas por convivência. É fruto das manhãs em que se ouve mais do que se fala, das tardes em que se reparte mais do que se guarda, das noites em que se está presente mesmo sem precisar dizer nada.
O tempo passa, mas o reflexo permanece. E, de repente, nos pegamos repetindo gestos que vimos tantas vezes, sorrindo do mesmo jeito, oferecendo a mão antes que alguém peça. É aí que percebemos que o espelho não está na parede, está dentro da gente.
Neste Dia dos Pais, ouvir Espelho é se reconhecer naquilo que foi plantado lá atrás. É agradecer por cada conselho, cada abraço, cada silêncio que ensinou mais do que mil discursos. É prometer continuar compondo, na vida, canções tão bonitas quanto as que meu pai me ensinou.

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