O episódio que paralisou o Congresso Nacional na última semana deixou claro que parte da política brasileira se alimenta do caos. O presidente da Câmara, Hugo Motta, encaminhou à Corregedoria pedidos de afastamento de 14 deputados da oposição ao Governo, acusados de participação no motim que paralisou a Casa por algumas horas. Entre eles, dois representantes do Estado do Rio de Janeiro, ambos do PL: Sóstenes Cavalcante, líder do Partido no Congresso, e Carlos Jordy.
As acusações vão desde incitação à desordem até obstrução deliberada dos trabalhos legislativos. Se confirmadas, configuram não apenas um ato de indisciplina, mas uma afronta à própria instituição que representam. O pedido de suspensão por até seis meses, que será analisado pelo Conselho de Ética, é um teste para a capacidade da Câmara de impor limites à política do confronto.
Curiosamente, ou tragicamente, o caso escancara a incoerência do nosso cenário político enquanto deputados se dedicam a travar batalhas teatrais em Brasília. A energia que deveria ser canalizada para discutir segurança pública, saúde ou economia, por exemplo, é desperdiçada na criação de narrativas que inflamam a base de apoio nas redes.
Não se trata de um fenômeno exclusivo do PL ou da oposição; é sintoma de uma degradação mais ampla da prática política, em que o barulho vale mais que o diálogo. A presença de dois deputados do Rio nessa lista apenas reforça como o Estado se vê representado no que há de mais tóxico na política nacional.

O próximo passo será a análise da Corregedoria e o julgamento no Conselho de Ética. Mas, independentemente do resultado, o que se torna mais incômodo é essa audácia encapada pelo mandato que pode e deve ser ameaçado, nas regras das leis, tão aclamadas quando de interesse pessoal.
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